Vários
são os servidores públicos que compartilham comigo sua dor e frustração. A
impotência diante dos desmandos, a falta de valorização, a corrupção, a nefasta
influência do aparelhamento político, o comando por estúpidos apadrinhados que
não entendem nada e todas as outras questões que você, certamente, sabe como é.
Em meio a esse cenário, claro que existem bons chefes e excelentes profissionais ocupando cargos em comissão, mas não vamos fechar os olhos.
Não adianta tentar ser politicamente correto, ou simpático, e fingir que não temos um problema que nós temos. Isso para não falar dos fofoqueiros, invejosos, das “panelas” etc. E pior é que, às vezes, o “sistema” nos reserva o indesejável papel de ser o capitão do mato, ou o carimbador, ou apenas aquele que dá ares de legitimidade ao que é imoral e ilegítimo.
Caio Tácito disse certa vez que a arte da tirania é se valer de juízes ao invés de soldados. E isso acaba valendo para muitos cargos dentro do serviço público. E muitos se veem sem opção, sem saída. Bem, o que posso e vou fazer hoje é dizer como eu me protejo disso.
Em meio a esse cenário, claro que existem bons chefes e excelentes profissionais ocupando cargos em comissão, mas não vamos fechar os olhos.
Não adianta tentar ser politicamente correto, ou simpático, e fingir que não temos um problema que nós temos. Isso para não falar dos fofoqueiros, invejosos, das “panelas” etc. E pior é que, às vezes, o “sistema” nos reserva o indesejável papel de ser o capitão do mato, ou o carimbador, ou apenas aquele que dá ares de legitimidade ao que é imoral e ilegítimo.
Caio Tácito disse certa vez que a arte da tirania é se valer de juízes ao invés de soldados. E isso acaba valendo para muitos cargos dentro do serviço público. E muitos se veem sem opção, sem saída. Bem, o que posso e vou fazer hoje é dizer como eu me protejo disso.
Primeiro,
eu penso o seguinte: minha relação com o Estado é uma, com os idiotas no poder
é outra (não há só idiotas, eu repito), mas com as pessoas é ainda outra. Por
mais difícil que seja, tento praticar o que recomenda Efésios 6, versos de 5 a
10.
Vós, servos, obedecei a vossos
senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração,
como a Cristo; Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como
servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; Servindo de boa vontade
como ao Senhor, e não como aos homens. Sabendo que cada um receberá do Senhor
todo o bem que fizer, seja servo, seja livre. E vós, senhores, fazei o mesmo
para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso
está no céu, e que para com ele não há acepção de pessoas. No demais, irmãos
meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. (Efésios 6:5-10)
Segundo,
penso na ideia do metro quadrado. Eu cuido do meu metro quadrado. Nele o serviço público haverá de ser honesto,
eficiente, educado, humano. Como dizia Theodore Roosevelt, devemos fazer o que podemos, com o que
temos, onde nós estamos.
Pus isso tudo no site www.revolucao.info – e tento fazer o melhor. Então, trabalho para que aquele que “cair nas minhas mãos” se considere uma pessoa de sorte. Esta pessoa terá o melhor que eu puder oferecer. De modo que tenho uma Vara elogiada, uma equipe formidável etc.
Pus isso tudo no site www.revolucao.info – e tento fazer o melhor. Então, trabalho para que aquele que “cair nas minhas mãos” se considere uma pessoa de sorte. Esta pessoa terá o melhor que eu puder oferecer. De modo que tenho uma Vara elogiada, uma equipe formidável etc.
Ainda
não cheguei no nível que gostaria, nem como cristão nem como servidor, mas
tento. Acho que é o que nos resta, nos cabe, nos consola. Espero que você possa
ficar feliz cuidando do seu metro quadrado. Estou certo que assim como o desânimo, a motivação também é contagiosa.
Creio que podemos inocular noutros esse pedaço de sonho, de metro quadrado. Mas o que temos a oferecer senão isso: um metro e um ideal, por mais quimérico e utópico que seja. A utopia nos protegerá do desencanto. Ou, como já me disseram ao tratar de dúvidas sobre a fidelidade amorosa do parceiro, “é melhor viver iludido do que desiludido”. Eu convido você a ser extremamente ciente de tudo quanto aos fatos, mas se mantendo um sonhador quanto ao que fazemos. Cuide do seu metro quadrado e pronto.
Creio que podemos inocular noutros esse pedaço de sonho, de metro quadrado. Mas o que temos a oferecer senão isso: um metro e um ideal, por mais quimérico e utópico que seja. A utopia nos protegerá do desencanto. Ou, como já me disseram ao tratar de dúvidas sobre a fidelidade amorosa do parceiro, “é melhor viver iludido do que desiludido”. Eu convido você a ser extremamente ciente de tudo quanto aos fatos, mas se mantendo um sonhador quanto ao que fazemos. Cuide do seu metro quadrado e pronto.
Ainda
existe um terceiro consolo, menos nobre, mas não menos respeitável: dali
tiramos nosso sustento. Portanto, que levemos para casa o “leite das crianças” e honremos as calças que vestimos.
Mas
me permita contar algo que aconteceu quando eu era Delegado de Polícia na 17ª
D.P., em São Cristovão, há exatos 20 anos, em 1993. Houve um acidente de
trânsito com um ônibus e eu, entusiasmado, infante, 1º colocado do 1º concurso
externo para Delegado em talvez uns 20 anos, naturalmente, ia aos locais de
homicídio, acidente, tudo que tinha “direito”. Vivi algumas histórias
interessantes. Aprendi a valorizar mais a vida vendo como ela escapa da mão num
segundo, num atropelamento, ou acidente, ou roubo, ou vingança.
Vi como é difícil aplicar nossas leis em situações reais. Vi uma mãe me pedir para praticar o que seria um abuso de autoridade, deixando seu filho passar uma noite na cadeia (na antessala dela, para ser mais exato), e lhe disse que não, mesmo achando, em meu íntimo, que a sabedoria materna não estava falhando; descobri, depois de algum tempo, que o melhor policial de minha equipe era um X-9, e o quanto seria complicado resolver isso. Enfim, foi um período bem interessante.
Vi como é difícil aplicar nossas leis em situações reais. Vi uma mãe me pedir para praticar o que seria um abuso de autoridade, deixando seu filho passar uma noite na cadeia (na antessala dela, para ser mais exato), e lhe disse que não, mesmo achando, em meu íntimo, que a sabedoria materna não estava falhando; descobri, depois de algum tempo, que o melhor policial de minha equipe era um X-9, e o quanto seria complicado resolver isso. Enfim, foi um período bem interessante.
Mas
porque conto isso? Volto ao acidente. Quando cheguei um Oficial do Corpo de
Bombeiros, capacete branco, ao mesmo tempo profissionalmente calmo, mas
humanamente angustiado, uniforme tingido de sangue, retirava do ônibus uma
criança de talvez um ano e meio ou dois. Ele olhou para mim e disse: “A gente
ganha mal e ainda tem que ver isso, criança sangrando”.
Ele fez o que devia, e partiu sem que eu pudesse fazer nada senão compartilhar um olhar triste. Sua frase me acompanhou semanas, talvez meses, me torturando. Ela tinha uma dose de verdade que me angustiava. Finalmente, um bom tempo depois, me veio à mente a resposta que faltou naquele instante: “Não, Oficial, a gente ganha mal, mas pode ajudar uma criança sangrando”.
Ele fez o que devia, e partiu sem que eu pudesse fazer nada senão compartilhar um olhar triste. Sua frase me acompanhou semanas, talvez meses, me torturando. Ela tinha uma dose de verdade que me angustiava. Finalmente, um bom tempo depois, me veio à mente a resposta que faltou naquele instante: “Não, Oficial, a gente ganha mal, mas pode ajudar uma criança sangrando”.
Infelizmente não tive tirocínio para ter
esta resposta à mão, ou, melhor, na ponta da língua, para consolar aquele
modesto herói incomodado. Mas guardo essa resposta cada vez que ser servidor me
incomoda. Não me considero nenhum herói, anoto, sou apenas mais um metro
quadrado, e nem mesmo dos melhores, mas tento.
Eu sei
de um amigo com tais frustrações. Ele, Delegado, já salvou duas pessoas
sequestradas, cujo local de cativeiro estourou, salvado as vítimas, depois de
se sair bem no prévio tiroteio. Os sequestradores de fuzil, os policiais, nem
tanto. Isso não é coisa de capitão do mato, com certeza.
Quando me dói ser
juiz, eu fico a me recordar dos tiros certeiros, das decisões nobres, das
pessoas que resgatei dos tipos de cativeiro que eu tenho poder para, às vezes,
tirar alguém.
Ganha-se mal, meus caros amigos, mas podemos ajudar – lá, muito
de vez em quando – alguma gente. Que isso nos sirva de consolo. E que não
desanimemos: um dia retomaremos o serviço público dos incompetentes, dos
omissos, dos tíbios, e o devolveremos ao povo, finalmente.
William Douglas é Juiz
Federal, Professor e Escritor. Autor do best seller "Criando Campeões" e "Como Passar em Provas e
Concursos: tudo o que você precisa saber e nunca teve a quem perguntar".
Sua mais recente obra em parceria com Rubens Teixeira“As 25 Leis Bíblicas do Sucesso” alcançou o 1º lugar na Você S/A, Veja, Publish News, Folha de SP e Valor Econômico
http://www.williamdouglas.com.br
Twitter: @Site_WD
Sua mais recente obra em parceria com Rubens Teixeira“As 25 Leis Bíblicas do Sucesso” alcançou o 1º lugar na Você S/A, Veja, Publish News, Folha de SP e Valor Econômico
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